A alta nos preços da carne no final de 2019 provocou espanto nos consumidores e varejo de açougue e casas de carne. O preço médio da arroba do boi gordo saltou de R$ 150 para R$ 230, o que gerou uma óbvia pressão inflacionária.
O IPCA-15, indicador do IBGE que mede a inflação no mercado varejista, apontou, em dezembro, para uma alta de 17,71% nos preços das carnes no varejo. Em janeiro de 2020, houve uma desaceleração significativa, com alta de 4,83%.
Mesmo com essa acomodação, os valores não devem voltar ao mesmo patamar de seis meses atrás. E essa mudança é sentida pelo consumidor que, dependendo da região e do poder aquisitivo, pode suspender o consumo do produto e substituir a proteína por outras mais baratas.
O posicionamento de players do setor e até mesmo de agentes do Governo Federal é que o varejo de carnes precisa reduzir suas margens de lucro para se manter competitivo.
Nesse contexto, o varejista precisa desenhar estratégias para manter o faturamento sem recorrer a uma depreciação do produto que só trará prejuízo no fim do mês. Confira adiante um breve panorama do setor e, em seguida, algumas dicas de gestão para que você consiga se destacar.
Raio-x do setor de açougue no Brasil
O Brasil é um dos maiores exportadores de carne bovina do mundo e também um dos maiores consumidores. Com um rebanho de 213 milhões de cabeças de boi (IBGE), sem mencionar ovinos, caprinos, galináceos e suínos, a pecuária tem uma participação de 8,7% no PIB nacional.
No mundo, a população brasileira é uma das que mais consome carne bovina em valores absolutos — 8,8 milhões de toneladas equivalentes de carcaça (TEC), atrás apenas dos Estados Unidos — e relativo ao total da população — 42,12kg, inferior à Argentina. Os dados são da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC).
No total, 79,6% da carne produzida no Brasil em 2018 abasteceu o mercado interno. De acordo com as estatísticas mais recentes do Cadastro Central de Empresas (CEMPRE) do IBGE, até 2017 havia 29,1 mil açougues e peixarias em funcionamento no país e 1,4 mil indústrias de abatimento de reses.
É um quadro desafiador, sobretudo por conta da competição no segmento do varejo de carnes, que tem nos supermercados os concorrentes mais fortes — uma vez que tais estabelecimentos têm uma ampla variedade de produtos para subsidiar investimentos e inovações em seus próprios açougues.
Entenda, a seguir, como tornar o seu negócio varejista mais competitivo no comércio de carnes.
Como melhorar o faturamento no setor de açougues
1. Invista em um sistema de gestão
Profissionalizar a gestão de um negócio é prerrogativa para qualquer empresa que queira não só faturar mais, e sim sobreviver. É importante que uma empresa tenha um sistema informatizado único para fazer o fechamento de caixa, adequar o negócio às determinações do fisco, controlar o estoque e conciliar pagamentos.
No varejo de carnes, o empresário precisa ter foco total na relação com os fornecedores e equipes de trabalho, na segurança sanitária e nas estratégias de crescimento do negócio para que sua empresa não fique estagnada.
Com um sistema integrado (ERP), é possível ter um comparativo atualizado da participação de cada fornecedor, controlar as compras de acordo com os itens disponíveis no estoque, cadastrar produtos com códigos de barras individuais e fazer a gestão financeira completa, com uma visão geral dos pagamentos e recebíveis.
2. Diversifique o catálogo de produtos
Os consumidores são pessoas cada vez mais ocupadas e não têm tempo para visitar diferentes estabelecimentos comerciais para comprar o que precisam. É por isso que várias lojas especializadas em carnes têm migrado para um formato mais parecido com o de lojas de conveniência.
Além de oferecer os cortes já embalados com o selo do fornecedor, o varejo pode agregar produtos para aumentar o tíquete médio. Por exemplo: sal grosso, pão de alho e algumas variedades de queijo são bastante procuradas para churrascos — assim como fósforos e acendedores.
A diversificação também vale para os tipos de carnes. Em regiões com alto poder aquisitivo, pode valer a pena disponibilizar cortes premium, por exemplo. Em qualquer cenário, um sistema de gestão pode facilitar o gerenciamento de promoções, de modo que a loja consiga vender kits mais facilmente.
3. Estude o público consumidor da sua região
O tipo de produto e serviço que você vai oferecer depende diretamente de quem está interessado em desembolsar e quanto em troca de quais itens. Conhecendo os interesses dos seus cliente, você saberá quais fornecedores estão melhor habilitados para entregar os cortes mais vendidos.
Além disso, o apelo de marketing varia de acordo com a clientela. Lojas de bairro costumam ser visitadas pelas mesmas pessoas com frequência — talvez seja interessante ter uma lista de transmissão no WhatsApp com os preços e promoções do dia.
4. Aumente o valor agregado
No varejo, a melhor maneira de aumentar a percepção de valor — que é a diferença entre o que o cliente desembolsa e o que ele recebe em troca — é com serviço de qualidade. Muitas vezes isso pode custar pouco para o varejista, mas faz toda a diferença na hora da venda.
Investir em um bom atendimento no balcão, disponibilizar um açougueiro para preparar o corte ao gosto do consumidor na hora, diversificar os produtos e ter uma loja iluminada e apresentável são fatores que fazem a diferença na hora do consumidor optar por determinado estabelecimento.
5. Compre carnes com origem rastreável
O fornecimento é uma etapa crítica do varejo de carnes. Existem vários frigoríficos clandestinos em operação que obtêm gado para abate oriundo de áreas onde há desmatamento ilegal; além disso, as práticas sanitárias dificilmente são verificadas, colocando em risco a saúde dos seus clientes.
Por isso, dê preferência a cortes que passaram pelo Sistema de Inspeção Federal (SIF) e que podem ser rastradas até a sua origem. Atualmente, cada vez mais consumidores se preocupam em saber de onde vem a comida que chega à sua mesa.
O varejo de carnes e derivados passou por transformações significativas nos últimos anos e muitas lojas do segmento não sobreviveram por não serem capazes de se adaptar. Com o recente aumento do preço das carnes nas fazendas em decorrência do aumento das exportações e da alta do dólar, o varejista deve ter soluções mais criativas do que o corte de preços e redução do lucro: no fim, ele pode inclusive aumentar a clientela e expandir seu negócio.
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