Um interesse bastante comum para empreendedores do ramo de vestuário é abrir uma nova frente de negócios na internet. Além de posicionar a marca para um número potencialmente maior de clientes, um e-commerce de roupas pode escalar as vendas e realizar lucros significativos.
Essa expectativa não surge por acaso. O Brasil é um país repleto de oportunidades para quem planeja abrir um e-commerce. A última pesquisa Webshoppers, da Ebit e Nielsen, mostrou que 36% dos brasileiros compram pela internet e que o faturamento do comércio eletrônico chegou a R$ 133 bilhões em 2018.
Não apenas isso: o segmento de moda e acessórios, em específico, é um dos que têm maior participação no volume de pedidos nas compras online. Com um crescimento de 48% no primeiro semestre de 2019, o nicho tem uma participação de 18% no quesito, dividindo o pódio com perfumaria e cosméticos.
Por fim, a dualidade online vs. offline foi definitivamente encerrada há alguns anos. Lojas físicas, inclusive, têm uma maior vantagem competitiva e conseguem se destacar mais rapidamente no online em comparação às operações nativas digitais.
A dúvida que surge entre os lojistas de moda não é se é vantajoso abrir um e-commerce, mas quando realizar esse movimento estratégico e como dar os primeiros passos no digital sem comprometer o negócio.
Destacamos abaixo alguns pontos que gestores e empreendedores precisam considerar. Acompanhe.
Já tenho loja física. Qual o momento certo para abrir um e-commerce de moda?
O primeiro fator a ser observado é a situação atual da loja física e a capacidade do empreendedor para alocar pessoas, tempo e recursos na abertura de uma nova frente de negócios.
Em outras palavras, se a loja de roupas enfrenta problemas gerenciais crônicos, fluxo de caixa deficitário, problemas com o pagamento de fornecedores, conflitos internos e baixa produtividade, não é uma operação online que salvará o negócio.
Há de se considerar — esse é o segundo fator — que o momento atual oferece boas oportunidades para os lojistas. O ecossistema de e-commerce brasileiro amadureceu bastante nos últimos anos e os consumidores abraçaram o e-commerce e o mobile commerce.
A terceira e última consideração a ser feita acerca do momento ideal é a concorrência. No online, abre-se um novo horizonte de mercado, o que significa também concorrentes que, até então, estavam fora do radar.
Portanto, a formação de uma nova unidade de negócios no online deve ser considerada a qualquer momento, mas é importante que a loja física tenha uma operação de negócios consolidada, com um ERP funcional e geração de lucros consistentes. Assim ,você evita “exportar” problemas de uma unidade para outra, o que pode ser fatal para ambas.
Em primeiro lugar, coloque a casa em ordem, profissionalize a gestão e trabalhe para gerar lucros, não para acobertar problemas. Só então planeje a execução da inauguração da loja online.
Como estruturar minha operação de vendas online?
1. Escolha uma plataforma customizável
Um pré-requisito para qualquer loja física desenvolver uma operação funcional de e-commerce é ter um sistema integrado (ERP) já implementado. A próxima etapa é selecionar a plataforma, ou hub, de e-commerce.
Aqui, muitos empresários podem cair na tentação do “gratuito” ou do baixo custo. Foque no longo prazo: vale a pena ter um e-commerce barato e trocar lá na frente por uma solução que comporte o tamanho do negócio ou é melhor contratar um serviço customizável e escalável?
Uma das grandes vantagens do e-commerce é tirar proveito de seu ecossistema, agregando à plataforma ou hub as aplicações que você precisa. Exemplos: meios de pagamentos online, chat, landing pages, antifraude, mensuração da audiência, entre outros. Adapte de acordo com suas necessidades.
2. Integre os canais
Integração e convergência são duas palavras-chave na expansão do varejo físico para o online. O cliente não quer saber se começou a comprar pelo aplicativo e quer terminar no checkout da loja física: a empresa precisa oferecer essa alternativa.
No mercado de vestuário, essa é uma situação que pode se tornar comum. Há consumidores que preferem experimentar antes de levar e iniciam a compra online para concluí-la depois de ter certeza.
Essa integração deve comportar, sobretudo a área de estoque. Ou seja, se o produto está anunciado no site ou app e não está disponível na loja física, há grandes chances de o cliente sequer voltar a comprar.
Por isso é importante ter um ERP eficiente antes mesmo de abrir uma loja online — é o sistema integrado o responsável pela mensuração automatizada do estoque e indicação do ponto de recompra.
3. Estabeleça metas de vendas e um público-alvo
Não caia no mundo online esperando sucesso imediato. É importante lembrar que moda e acessórios é um segmento de bens duráveis, ou seja, os consumidores não substituem seus bens com tanta frequência.
A pesquisa Webshoppers mostrou que a frequência de compras nos e-commerces de roupas é uma das mais baixas, à frente apenas de sex shop e telefonia.
Ter um público-alvo é importante também para saber oferecer um mix de produtos adequado, sobretudo no mercado de vestuário. Um dos principais erros é oferecer um catálogo abrangente demais e depois ter de lidar com estoques de alguns produtos parados e outros em falta.
Com o público delineado, é possível trabalhar com metas realistas de vendas. Não adianta esperar números miraculosos no início, mas é saudável esperar uma tendência de crescimento e estabelecer um “breakeven” — momento em que o investimento é saldado e o negócio passa a dar lucro.
4. Invista em marketing digital
A pesquisa Webshoppers mostra que os serviços de busca online — em especial o Google — constituem o principal motivador de compras, com 25% das indicações de consumidores. Já as redes sociais acompanham com a preferência de 19% deles.
Além disso, 80% dos que chegam ao estágio de compra por meio das redes relataram satisfação em relação ao preço e à experiência de consumo.
Para que o cliente encontre sua loja online em meio a tantos concorrentes, resultados de busca e postagens no feed de Instagram e Facebook, é fundamental investir em marketing digital.
Entre as atividades desempenhadas pela equipe ou agência digital estão inclusas:
- criação de blog corporativo e geração de conteúdos para captação de clientes por meio do Google;
- criação e manutenção de perfis empresariais nas redes sociais para divulgação de produtos e conteúdos;
- desenvolvimento e gerenciamento de campanhas pagas (AdWords e Facebook Ads) para posicionar a loja junto ao público certo.
5. Cuidado com a logística
O fator logístico — entrega de produtos e possíveis devoluções — pode complicar a vida do lojista despreparado. O Brasil tem um território vasto e os pedidos que chegam à sua loja podem vir tanto de um pequeno município de Roraima quanto de uma capital metropolitana como São Paulo ou Belo Horizonte.
Escolha parceiros comerciais com capilaridade de entregas em todo o Brasil. Para pequenos lojistas, o Correios é a opção natural por conta dos custos e do alcance. No entanto, o mercado de encomendas conta com outros players que devem ser considerados.
Atrasos em entregas, mercadorias retidas, extravios e até mesmo tentativas de golpes da parte de consumidores mal intencionados podem causar sérios prejuízos ao negócio.
E os marketplaces?
Muitos lojistas preferem, em vez de investir pesado na própria operação online, abrir sua operação em um marketplace. Trata-se de um formato de parceria que se popularizou com o Mercado Livre, mas também é oferecido pela B2W, Magazine Luiza e outros grandes players do e-commerce.
As lojas em marketplaces obtiveram um faturamento de R$ 53,2 bilhões no primeiro semestre de 2019 e têm um peso de 40% no comércio eletrônico em geral.
Há algumas vantagens em abrir uma loja no marketplace: não é necessário entrar com um grande investimento de cara, a própria loja-mãe é bem posicionada nos mecanismos de busca e tem uma marca forte e toda a tecnologia é fornecida pelo marketplace. O lojista só precisa manter o catálogo atualizado, cuidar do atendimento e realizar as entregas.
Por outro lado, sua marca jamais se diferenciará se você vender exclusivamente no marketplace, o que pode complicar o crescimento a longo prazo. No entanto, os custos são, indiscutivelmente, inferiores.
Considerando tudo, o marketplace é uma boa alternativa para:
- lojistas que querem apenas vender seu catálogo físico na internet sem planos de expansão online;
- lojistas que preferem usar os marketplaces como operações paralelas, mantendo uma loja online principal. É como ter uma unidade em um shopping, mas priorizar a loja de rua, onde ele tem mais controle sobre sua marca.
Abrir um e-commerce de roupas é um passo natural para empresários do ramo de vestuário. Eles precisam, no entanto, saber integrar dois mundos diferentes para que o consumidor tenha uma experiência de compras satisfatória e a marca se destaque. Antes de tudo, é importante que a empresa disponha de um ERP eficiente implementado e operante.
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